"Na verdade, sempre preferi ser odiado. Me considero um ser humano inteligente, sensível, com uma capacidade enorme pra estragar as coisas em momentos cruciais. Sou um herói de mentira, uma piada dos deuses comigo." (Jim Morrison)

In cience we trust

Incrível como temos epifanias o tempo todo, mais incrível ainda é quando descobrimos que conseguimos explicar mais coisas do que possívelmente nos achávamos capazes de entender. Sozinhos. Somente o ser humano e sua capacidade de pensar ao apenas escutar ou observar certas coisas.
Me peguei hoje, sozinha, em um desses momentos e não vejo razão para não estar aqui escrevendo a quem quiser se dar um tempo para ler. E é justamente sobre (quase) isso que vim falar. Sobre nossa incrível capacidade de sermos livres para fazermos e acreditarmos no que quisermos, e o que isso pode render para cada um de nós.

Tudo começa com a incrível Grande Explosão. O universo era pequeno e (quem sabe) cheio de nada, até que por um acidente rolou tanta coisa que nem mesmo o ser humano conseguiu tomar nota de tudo. Até aí ok, o problema, ou solução, foi a trabalheira que deu pra chegar até aqui. 
Não preciso descrever processos e como tudo funcionou até chegar a esse momento que me capacita escrever por meio de equipamentos completamente tecnológicos, o acesso a informação está espalhado fácilmente por aí, sem restrições, com linguagens cada vez mais simplificadas e compreensíveis.
Molécula por molécula, organismo por organismo, tempo, tanto tempo que não tenho a menor ideia do tamanho, até que o primeiro ser vivo deu as caras neste planeta adorável chamado Terra. Evolução, seleção, extinção, renascimento, DNA pra lá, DNA pra cá, até que a vida conseguiu habitar todo tipo de meio possível. Treta, muita treta, meteoro, erupção vulcânica, extinção de tudo… Lá vai o planeta terra fazer a boa de novo, erguer tudo de novo, dar vida e condição pra tudo, adaptar ser vivo por ser vivo, enfim, botar tudo pra funcionar novamente. Resumindo bem: Uma trabalheira sem tamanho. Mas conseguiu, como sempre, parecendo até que foi fácil, botar tudo nos eixos de novo.
E aí então, em um desses rolês e criar tudo de novo, evoluir galera, o ser humano apareceu e olha, DEU MERDA, deu merda demais. Se a Terra soubesse o quanto a gente ia ser paia com ela, não tinha feito tudo isso. 
O fato é, escrevo por pura chateação. Escrevo por pura descrença dessa nossa raça. E também por pura asca que tenho da mania feia do ser humano em achar que é grande demais, sabido demais, fazedor demais. Ó céus, a gente não é, com o perdão da expressão, bosta nenhuma. 
Se você parar pra analisar tudo que a Terra conseguiu criar dentro de suas condições, criamos num nível “ok”. Só. Sem mais. Criamos pra facilitar nossas vidas e ter mais praticidade pra tudo, mas criamos FUDENDO (desculpa mais uma vez, são as emoções) com quem criou a gente. Poluição, dinheiro, guerra e sujeira, muita sujeira. Indigno-me em pensar que o ser humano é inteligente o suficiente pra descobrir tanta coisa mas é burro demais em usar a ciência por pura vaidade. Qual é o real sentido na bomba atômica? Pra que? Bomba nuclear que daria conta de explodir o planeta inteiro sem deixar em pé PORRA NENHUMA. OI? Pelo amor do átomo… É tanta soma de conhecimento que gerou algo burro, vaidoso, retardado. Não faz sentido?! NÃO FAZ SENTIDO NENHUM!
O que me acalma, para ser sincera, é que caso a gente consiga chegar até o fim da nossa era (o que acho que é muito pouco provável) é que alguma catástrofe vai acontecer, zerar a gente, recomeçar e sabe o que vai acontecer com toda essa cagada que a gente passou milênios fazendo? A Terra vai limpar tudinho e recomeçar de novo. Ufa! Ainda bem! Três vivas pro planeta! Vida que segue, mermão, fomos tarde!

Já em outra pauta, que me deixa um pouco embasbacada por ser recebida com mais ódio que a acima, é que além de tudo isso, vem um irmãozinho e completa tudo isso com “Deus que fez”. Realmente, não tem como ficar pior.
Então você declara que acredita na evolução (que inclusive NÃO-É-UMA-TEORIA, é certo, comprovado) e aí você vê que tudo faz sentido e um ser vem e fala “mas na bíblia não é assim”, ok, e como você prova sua crença? AÍ O CARA ME APARECE COM UMA TORRADA QUE FICOU QUEIMADA E DESENHOU A CARA DE JESUS CRISTO E PRONTO, JESUS EXISTE! CLARO QUE EXISTE! Tudo que eu precisava era de uma torrada pra mudar de ideia (ou uma janela com a cara de Maria, ou até mesmo um cara que só porque deu dois passos pro lado evitou de ser esmagado com um piano caindo da janela porque não pode simplesmente ser pura sorte do cara).
Demorei a “sair do armário” e me reconhecer como ateísta, demorei a fazer minha cabeça entender que não tem porque temer algo que não existe. “Mas a vida não teria sentido nenhum se não houvesse nada além daqui”, COMO É QUE É AMIGO?! Parou! Como que a vida não faz sentido? Olha tudo que a gente vive, tudo que passamos pra chegar até aqui e todos os planos feitos pro futuro (torcendo aqui que seja apenas zerar essa loucura toda), tá aí todo sentido. Nascemos (olha que é um trampo imenso nascer), crescemos, podemos nos reproduzir, admiramos o quanto a vida é mágica e chega, né? Deu. Tá ótimo! Você foi o espermatozóide mais esperto, conseguiu desenvolver certinho! Parabéns! Acredite, você não vai conseguir nem se sentir triste depois que morrer, seu cérebro vai parar de funcionar e é tipo uma sonéca maior, mais longa. Tá de boa. 
E ainda sim respeito toda escolha religiosa existente, acho que cada um é livre pra escolher o que quer fazer e no quer acreditar, é até bom, muita gente se sente melhor assim, eu mesma apoio. PORÉM, poderia respeitar muito mais se nego não tivesse colocado os pés pelas mãos e começasse a matar quem eles julgam que o “Deus” deles não aceita. Se eles não tivessem escrito livros colocando esse tal ser superior como escritor e seguissem isso a risca, mesmo quando não faz sentido algum. É complicado falar sobre religião, acho que fica pra uma mesa de bar de qualquer dia desses essa pauta, até porque é quase um esfolo mental parar pra ter compreensão diante de tudo isso.

Só queria finalizar isso dizendo que eu sinto muito, e esse é um pedido de desculpas aberto pro planeta. Em nome de todos nós, até dos que discordam comigo: Foi mal, de verdade, Terra.
E que existem milhões de vertentes para Deus, existem tantas crenças, mas a ciência… AH A CIÊNCIA. Ela é única, linguagem universal, só tem uma explicação para os quatro cantos do planeta. E é por isso e por tantas outras que IN CIENCE I TRUST.

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8 years ago

Saloon - Pt 1

Ao avistar a entrada daquela velha cidade de interior pensou em dar meia volta e deixar aquele pedaço da viagem para trás, por um segundo hesitou continuar, mas logo lembrou-se que nada a amedrontava desde que tivera deixado a cidade. Então porque agora se deixaria ganhar por uma breve hesitação? 
Tocou o cavalo para frente, arrumou o cabelo, e ajeitou o chapéu. Ergueu a cabeça enquanto passava entre a rua principal (uma das poucas que haviam) da cidade, já conseguia ver cabeças aparecendo nas janelas e junto com elas alguns fantasmas do passado. “Não pode ser que essas pessoas ainda se importem tanto comigo”, pensou, mas aparentemente estava enganada.
Apesar de estar um tanto quanto diferente desde a última vez que havia pisado lá, era uma figura memorável para aquelas pessoas, era mulher e não se comportava como as outras de lá. Nunca entendeu o porque do comportamento das mulheres, afinal, não somos todos iguais aqui? Enfim, ela também não se importava com o que pensavam, nunca se importou desde que era criança e brincava de cowboy com outros meninos no lugar de estar brincando de casinha com as garotas. Sempre atraiu olhares e comentários tortos, mas pouco se importou.
Fingiu não estar vendo o alvoroço que estava a criar na pequena cidade que nascera. Parou seu cavalo próximo ao único bar da cidade, amarrou-o a uma das estacas de madeira, arrumou as calças e adentrou ao bar.
Barulho horrível e alto que fazia aquela porta, até tinha esquecido o quanto aquela porta chamava a atenção de quem estava no bar, e assim todas as cabeças se viraram e mostraram o olhar de espanto de alguns presentes. Outros não a conheciam, não eram de sua época. O dono do bar abriu um sorriso e disse em alto e bom tom:

- Achei que havia morrido nas suas jornadas, senhorita! Mas bem que percebi que os ventos sopraram diferentes hoje por aqui, eu já esperava uma surpresa. E que boa surpresa tê-la novamente em minha casa! - Enquanto enchia uma caneca de cerveja quente.

- Eu? Morrer? Já disse que não morro tão cedo, seu velho medroso! Só não havia muito o que fazer por aqui, estava indo para a cidade vizinha, tenho coisas para buscar e contas a acertar por lá, então decidi passar por aqui e ver como as coisas andam. Aparentemente tudo estranhamente tedioso. - Ria-se enquanto bebia e observava o local, procurando alguma coisa diferente.

Mas tudo ali parecia muito igual, parecia estar parado no tempo. Algumas coisas só não mudam, assim como pessoas e histórias. Assim como ouvia lendas quando crianças sobre pessoas, ela tinha conseguido virar uma por lá. 

- Já sabe da mais nova? - Disse o velho enquanto fazia sinal com o dedo para que se aproximasse.

- Ora, não. Não ando por aqui tem um bom tempo, Wilbur, e não me interesso por histórias contadas a noite para que crianças não virem ladrões. - Deu de ombros e aproximou-se.

- Seu placar foi para sete! - Sussurrou Wilbur enquanto limpava o balcão com um pedaço de flanela.

Riu alto enquanto se sentava em um banco no balcão. Sete? Como teria matado sete pessoas naquele lugar?! Por Deus, se tivesse matado sete, alguém teria visto! Era praticamente impossível matar alguém naquela vila sem que vissem. Em sua vida de andanças não cheguou a matar sete. Se bem que no fundo gostaria de ter matado uns dez ou doze naquele lugar, mas nunca quis confusões pra sua família. Não queria deixar um acerto de contas para o seu pai ou seu avô. 
Enfiou as mãos no bolso e pegou um punhado de moedas de ouro, muito mais do que costumava ter quando morava lá. Chamou Wilbur e entregou-lhe as moedas.

- Fique com elas, nem que seja para deixar de crédito em cervejas. Cuide-se, logo menos volto para saber como as coisas vão. Agora tenho que ir, tenho muita coisa para resolver ainda. - Levantou-se e percebeu que desde que havia entrado, o bar inteiro sussurrava algo sobre ela.

- Volte logo e tome cuidado com essas estradas a noite, criança! Obrigada pelas moedas. Volte logo, sinto sua falta. - Disse o velho enquanto acenava.

Deixou o bar, juntou seu cavalo e saiu, deixando poeira e histórias para trás. Suspirou enquanto se lembrava da sua infância. Sua jornada havia apenas começado, mal sabiam eles o que a esperava.

E para bem dizer a verdade, nem ela…

(Continua)

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9 years ago

“Você não precisa vestir sua verdade, usá-la de forma com que os outros vejam. Seja-a. Seja-a de forma com que você se deixe concordar. 
Deixe-a ser em você. Deixe com que tome conta de todo o seu ser e se desenvolva, tome conta do seu sistema, inocule e que mais tarde volte a se alastrar; Como uma doença que segue para que dê fim em você.
Ninguém realmente precisa saber, ou ter certeza do que afirmas, do que pensas e do fazes com suas verdades, tampouco permita que se manifestem sobre ela sem que lhes tenham pedido. Evite espalhá-la por vaidade ou por puro luxo, ter adeptos ao que se diz, não diz nada. Verdades alheias não se devem ser comparadas com as tuas.
Deixe com que grite, com que palpite e com que saia lentamente de dentro de você. Verdades escarradas não são verdades, é desespero. 
E quando estiver certo, permita-se mergulhar em cada uma delas, deleite-se no que criastes. E aí então, descanse sua cabeça. Mas nunca pare de criar novas, verdades velhas nem sempre servem para uma vida, descarte-as sem medo. Recomece. Recrie-se. Recicle-se.”

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9 years ago

Violência em mim

Eu costumo escrever aqui sobre coisas soltas, sobre personagens, sobre medos criados e fantasmas que se encaixam perfeitamente em qualquer enredo, sobre qualquer fábula que eu redijo dentro deste quadrado. Mas dessa vez não é. Dessa vez é só sobre esta que vos escreve e sobre um fator quase que inevitável que cedo ou tarde, seja conspiração minha ou não, há de pairar sob nossas cabeças.
Eu nunca soube ao certo o que se passa dentro de uma cabeça em pânico. Sempre tive a cabeça saudável para uma série de fatores, nunca fui cem porcento certa, mas posso garantir que me sentia sã e salva da questão da loucura.
Não tenho gostado de pisar nas ruas. Não me sinto tão confortável quanto me senti um dia, que andava madrugada a dentro por diversas ruas sem realmente me preocupar com o que me esperava no caminho até em casa. Não gosto de permanecer no silêncio, atividade que eu costumava amar, ouvir o silêncio era uma das atividades que mais me confortava após um longo dia de sons vindos de todas as regiões possíveis a minha volta.
Hoje parece perigoso qualquer decisão que envolva um espaço aberto. Não sei. É até um pouco difícil expressar a angústia que me dá em saber que a qualquer momento eu posso não estar mais viva. Não temo a morte, só não gostaria de ir agora.
Ouço sirenes o dia inteiro, não sei do que se trata, mas não consigo relacioná-las a algo seguro. Sei também que pessoas morrem, mas porque tantas agora?
Diariamente, eu não preciso ler jornais ou assisti-los na televisão, chegam aos meus ouvidos que algum tipo de desgraça ocorreu. Estava tudo bem até que isso tem chegado cada vez mais perto de mim e daquelas pessoas que cercam.
Diariamente, sem querer ver, imagens e relatos de atos violentos chegam aos meus olhos e me assombram o resto do dia. 
Mortes, espancamentos, torturas, estupros, assassinatos. Uma sequência agradável para os que se interessam. Eu não me interesso. Eu só sei que chegamos ao ponto em que não parece mais contornável para as autoridades.
Perdi meu direito de andar a pé, perdi meu direito de sair de casa para me distrair, perdi meu direito de ficar despreocupada. Não há parede que segure essa onda grosseira e sangrenta que hoje nos cerca. Seria melhor fechar as portas, apagar as luzes e irmos embora? Não sei. Tudo que tenho feito é fechar as portas, apagar as luzes e torcer (pode-se rezar, para os que tem os costume) para que uma sociedade que chegou ao fundo me deixe sair ilesa mais um dia.
Pânico. Resumindo bem, é só o que sinto. Qualquer movimentação estranha me gela as entranhas e faz com que eu pense que é agora, a hora de ir. Me sinto presa. Me sinto fechada. Não dá para distrair, nem sair de baixo dessas cobertas. Nada parece seguro. 

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9 years ago

Minha mania de decepção

Hoje eu acordei decidida a sofrer. Decidi deixar que tome conta, que me tenha, que me faça sentir. Não sei quanto a você, mas aprendi que sofrer é bom, que sofrendo se aprende mais do que estando satisfeito ou até mesmo alegre. Acredito que tudo vem em forma de processo, primeiro vem o sofrimento, aí lentamente a conformidade aparece, aos poucos chega-se em uma aceitação e logo em seguida a alegria pode aparecer.
Se decepcionar, com o que quer se seja, nos faz ver coisas além do que o óbvio ensina. Eu, particularmente, reflito muito mais decepcionada do que encantada, o fato de estar nas nuvens me priva de raciocinar sobre algo muito além do óbvio. Não necessariamente com pessoas, mas mais comigo mesma do que com o resto do mundo. 
Culpar os outros, após um tempo grande de reflexão, me parece muito errado. Hoje culpo à mim mesma. Sem dor, sem “culpa”. Eu sou completamente responsável por aquilo que em torno de mim acontece, afinal, se envolve-se em torno de mim, meu dedo tem nesse direcionamento de fatos. Culpo à mim e só a mim, por tudo, por mais que não seja tão culpa minha assim.
Sou curiosa. E acabo tendo uma curiosidade um tanto quanto mórbida em relação aos fatos da minha vida. Algo sempre me impulsiona a ir a fundo em algo que eu sei que irá me machucar, mas no fundo de mim há um impulso muito forte de buscar uma verdade absoluta e bem explicada dos fatos, por mais desapontador que isso seja. E porque? Bem, porque é assim que eu funciono. Minha mania de querer cavar fundo demais nas coisas me traz extremos fortíssimos, muitas vezes devastadores.
E então, após um processo que me parece lento e um tanto dolorido, há um renascimento, um descobrimento de diversos lados que eu já não sabia que possuía. Minha fortificação forçada, minha tortura particular me faz com que algo dentro de mim torne-se mais profundo, mais apertado, onde então, eu possa jogar cada vez menos coisas e pessoas lá dentro. O que foi superado já não me dói mais, cada calo formado hoje é grosso e só pioraria se o tirassem de lá. E assim vou cedendo cada vez menos meu sofrimento ao mundo, porque me adapto, porque me faço caber, porque pioro.  

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10 years ago

“Era uma vez Eu.
Eu era um cara muito empolgado,
tinha amigos,
e até um namorado.

Eu trabalhava e estudava,
era conta e seminário,
tinha a cabeça bem ocupada.

Eu perdeu o emprego
perdeu amigo
perdeu namorado
com a família brigado
ficou isolado.

Eu perdeu 15 quilos,
até os inimigos
faziam bolão pra ver quando iria morrer.

Eu ficou estranho e vazio
e então perdeu o sentido
lhe deu um tiro
e da tristeza esqueceu.”

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10 years ago

Dieta de dois

E então você só se alimenta de coisa magra
uma pena que eu não seja magra de nada
nem de corpo
nem de alma

E então eu estou de dieta de também
só que vou ganhar no que perder
você perde peso
e eu perco você.
 

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10 years ago

“Para o que não tem mais solução, eutanasiado está.”

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10 years ago

O reflexo da colher.

“E eu não sei pra quê tanta amargura

se no final do dia tem toda essa fissura
E minha mente boba pra me sucumbir

Pra quê tanta tristeza?
Se no final do dia sento à mesa
ligo a televisão
e tem aquele programa legal pra me fazer rir

Não tem mais super herói
ou aquela boa e velha frase
“to cansado e vou dormir”
Porque amanhã o dia é o mesmo
e mesmo perdida
tenho que achar pra onde ir

Tem trabalho, tem patrão
e aquele antigo sermão
de ser responsável e honesto
pra ver se eu me esperto
e volto logo a produzir

E mesmo que no final do mês
venha salário
dinheiro nenhum é necessário
porque a felicidade foi deus quem fez

O dinheiro é sempre pouco
a pensão não tá na conta
porque a miséria bateu em mim também
mas não adianta olhar pro lado
se sentir desesperado
Porque assim se vira louco

E louco ninguém quer." 

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10 years ago

Era bem bacana ser uma daquelas garotas que tinham aquelas fotos de redes sociais com ibope, era bem legal também sair na rua ou em alguma festinha e ser reconhecida por pessoas desconhecidas cujas sabiam seu nome ou sua vida de cor. Só não era bacana ser uma garota sozinha. Não era legal ter vontade de falar e não ter a quem direcionar a palavra, não era tão “massa” assim ter uma família inconstante e problemática, muito menos ser adulta antes do tempo.
Já faziam três anos que o ano seguinte era incerto, tirando a certeza de que seria a mesma tragédia de sempre. Então conversava sozinha. Falava sobre conspirações, sobre a vida, dava entrevistas, cantava músicas em um violão imaginário onde podia conversar com o público, só. Escrevia poemas, inventava mundos e mudava seu corte de cabelo, em busca de um preenchimento pessoal. Fazia tatuagens para cobrir não só um pedaço de pele, mas para cobrir um pedaço da vida. Tirava fotos, assim sabia que alguém a veria e mesmo que pouco, teria alguém para conversar.
Um dia seu pai lhe disse “DNA de sofredor você tem, basta aceitar isso”. Mas ela se recusava a aceitar. Ora, porque eu tenho que aceitar sofrer? Talvez fosse verdade, talvez o futuro inteiro fosse ser assim, mas porque aceitar? Justo quem a ensinou a ser firme e ir atrás simplesmente manda-lhe sentar e aceitar que a vida é exatamente assim? Não pode ser. 
Todos tão atarefados, todos tão socializados… Porque não ela? Sentia falta dos “glory days”, onde era cercada de gente lhe contando sobre a vida, mendigando sua companhia, lhe pedindo opiniões. Ora, mas tapava-se os buracos buscando algo. Ela conseguiria: viver sozinha de uma vez ou esperar que alguém lhe estendesse a mão.

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10 years ago
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